segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Da solidão de Domingos ao grupo dos irmãos

Sabemos que em 1207, Diego de Osma, o bispo com quem Domingos tinha viajado pela Europa, regressa à sua diocese e terra natal, vindo a falecer pouco tempo depois.

São Domingos fica assim sozinho no sul de França e no território dos Cátaros e Albigenses, pois também Pedro, Raul e Arnaldo desaparecem, o primeiro assassinado e os outros dois retirados para os seus mosteiros cistercienses.

São tempos de solidão, de incompreensão, tempos duros em que enfrenta as críticas do alto clero e as maquinações e zombarias dos hereges que procuram tirar-lhe a vida. São também tempos de muita instabilidade social e política pois a peste e a guerra fazem a sua aparição no território.

Uma preocupação rondava contudo a cabeça de São Domingos e o seu coração; a pregação não podia decair e era urgente recrutar colaboradores para a árdua tarefa. Colaboradores que se unissem não só na missão mas igualmente no testemunho de vida, comum e pobre à semelhança dos hereges.

Em 1214 é-lhe pedido pelo bispo de Toulouse que se fixe juntamente com aqueles poucos colaboradores que já conseguiu recrutar. Será na casa de Pedro Seila, homem rico e amigo de Domingos, que o pequeno grupo se reunirá e começará a viver de uma forma estável a vida comum ao estilo dos religiosos.

Em 1216 a comunidade comporta já cerca de quinze homens que partilham o mesmo tecto e as mesmas lições de teologia, pois era necessário que estivessem bem fundamentados nos conhecimentos bíblicos e teológicos para que pudessem partir a pregar.

Um ano após a constituição daquele que podemos chamar o primeiro convento, o grupo é disperso por São Domingos, numa audácia incompreensível no momento, mas preciosa para o futuro da Ordem.

Passados quase oitocentos anos sobre esta primeira fundação continua a ser necessário partilhar um espaço e um ritmo de vida comum. A par da palavra pregada pela voz e pela letra é outra forma de pregação que possuímos e por isso a chamada vida comum é um dos pilares da estrutura e espiritualidade da Ordem.

 
Ilustração: “São Domingos”, de José Gil de Castro, Museu Nacional de Belas Artes do Chile.

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