Sabemos que em 1207, Diego de Osma, o bispo com quem Domingos
tinha viajado pela Europa, regressa à sua diocese e terra natal, vindo a
falecer pouco tempo depois.
São Domingos fica assim sozinho no sul de França e no
território dos Cátaros e Albigenses, pois também Pedro, Raul e Arnaldo
desaparecem, o primeiro assassinado e os outros dois retirados para os seus
mosteiros cistercienses.
São tempos de solidão, de incompreensão, tempos duros em que
enfrenta as críticas do alto clero e as maquinações e zombarias dos hereges que
procuram tirar-lhe a vida. São também tempos de muita instabilidade social e
política pois a peste e a guerra fazem a sua aparição no território.
Uma preocupação rondava contudo a cabeça de São Domingos e o
seu coração; a pregação não podia decair e era urgente recrutar colaboradores
para a árdua tarefa. Colaboradores que se unissem não só na missão mas
igualmente no testemunho de vida, comum e pobre à semelhança dos hereges.
Em 1214 é-lhe pedido pelo bispo de Toulouse que se fixe
juntamente com aqueles poucos colaboradores que já conseguiu recrutar. Será na
casa de Pedro Seila, homem rico e amigo de Domingos, que o pequeno grupo se
reunirá e começará a viver de uma forma estável a vida comum ao estilo dos
religiosos.
Em 1216 a comunidade comporta já cerca de quinze homens que
partilham o mesmo tecto e as mesmas lições de teologia, pois era necessário que
estivessem bem fundamentados nos conhecimentos bíblicos e teológicos para que
pudessem partir a pregar.
Um ano após a constituição daquele que podemos chamar o
primeiro convento, o grupo é disperso por São Domingos, numa audácia incompreensível
no momento, mas preciosa para o futuro da Ordem.
Passados quase oitocentos anos sobre esta primeira fundação
continua a ser necessário partilhar um espaço e um ritmo de vida comum. A par
da palavra pregada pela voz e pela letra é outra forma de pregação que possuímos
e por isso a chamada vida comum é um dos pilares da estrutura e espiritualidade
da Ordem.
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